Cirurgia DBS para Doença de Parkinson: tudo o que você precisa saber

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A Doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa progressiva caracterizada por sintomas motores e não motores, incluindo tremores, rigidez muscular e lentidão de movimentos. A cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (do inglês Deep Brain Stimulation – DBS) é um dos principais tratamentos para pacientes que apresentam problemas motores devido à DP.  

De acordo com Hariz e Blomstedt (2022), a estimulação cerebral profunda (DBS) “é uma terapia sintomática neurocirúrgica segura estabelecida para pacientes elegíveis com doença avançada nos quais o tratamento médicamentoso não fornece controle adequado dos sintomas e boa qualidade de vida”. 

Neste artigo, você entenderá o que é a cirurgia DBS para Doença de Parkinson, um dos tratamentos mais avançados para o controle dos sintomas. Saiba como ela funciona, seus benefícios, riscos, as indicações, o que esperar do pós-operatório e onde realizar sua cirurgia:

1) O que é e para que serve a cirurgia DBS?

A cirurgia ou terapia DBS é um tratamento à base de neuromodulação para várias condições neurológicas, principalmente para Doença de Parkinson (DP), sendo também uma alternativa à terapia medicamentosa – no entanto, sua eficácia depende da implantação no momento certo, isto é, antes da perda do efeito dos remédios. 

Como resultado dos avanços da neuromodulação nas últimas décadas, utiliza-se essa técnica em pacientes acometidos com a DP que apresentam problemas como flutuações motoras, tremor, discinesias (movimentos involuntários decorrentes do uso das medicações para tratar a DP) ou intolerância medicamentosa. Pode-se ajustar esse tratamento, portanto, e usam-se dispositivos médicos que têm como objetivo promover estimulação elétrica em áreas específicas do cérebro resonsáveis pelo controle dos movimentos. 

2) Como funciona a cirurgia DBS para Parkinson? 

Ela funciona por meio da implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, responsáveis pelos sintomas da doença. Hariz e Blomstedt (2022) afirmam que “a DBS no tálamo é mais eficiente para tremores e a DBS no pálido interno (GPi) é mais eficiente para rigidez e discinesias, enquanto a DBS no núcleo subtalâmico (STN) pode tratar tremores, bradicinesia, rigidez e discinesias, e permite a diminuição das doses dos medicamentos mesmo em pacientes com estágios avançados da doença, o que o torna alvo preferido para a DBS”. 

Sendo assim, no caso da Doença de Parkinson, os eletrodos são implantados, na maioria dos casos, no núcleo subtalâmico, uma pequena estrutura localizada no centro do cérebro. Essa área é parte do sistema de circuitos neurais que controla o movimento – a Doença de Parkinson afeta, porém, sua atividade. A estimulação elétrica dos eletrodos fornece ajuda a regular essa atividade, de modo a restaurar o funcionamento adequado desses circuitos. Isso resulta, portanto, na melhora dos sintomas motores, como tremores e rigidez.

3) Quais são as indicações para a cirurgia DBS? 

A cirurgia DBS para Doença de Parkinson não é indicada para todos os pacientes com doença de Parkinson. Indica-se para pacientes que, após anos de tratamento com medicamentos como levodopa, já não apresentam o mesmo controle dos sintomas ou sofrem com efeitos colaterais como discinesias (movimentos involuntários).

Além disso, recomenda-se o procedimento para aqueles que apresentam os seguintes critérios: 

  • Doença de Parkinson confirmada
  • Aqueles que enfrentam: 
    • flutuações motoras graves, discinesias, ou efeitos colaterais significativos dos medicamentos;
    • tremor refratário
  • Intolerância medicamentosa

Para entender mais sobre este tópico, veja este vídeo no meu canal do You Tube: https://www.youtube.com/watch?v=LGb681GU2aU&list=PLKqWY2GuI7oRj1vsXI5Sbbv6nZYPcWdw_&index=6

Entretanto, é preciso cumprir os seguintes pré-requisitos:

  • Pacientes com doença de Parkinson há mais de 4 anos, com resposta inicial positiva ao tratamento medicamentoso;
  • Ausência de demência ou doença psiquiátrica grave;
  • Ter condições sociais para seguir o tratamento;
  • Pacientes cujo estado de saúde geral permite a realização de uma cirurgia.

Para entender mais sobre as indicações, veja este vídeo no meu canal: https://www.youtube.com/watch?v=BD3sx09XN2E&list=PLKqWY2GuI7oRj1vsXI5Sbbv6nZYPcWdw_&index=8

Em geral, pacientes com distúrbios cognitivos avançados ou que sofrem de demência podem não ser bons candidatos para a DBS, uma vez que a cirurgia não costuma melhorar os sintomas como alterações cognitivas e psicológicas. O paciente deve passar por uma avaliação completa com um Neurocirurgião Funcional para determinar a viabilidade da cirurgia.

DBS para Doença de Parkinson

4) Quantas etapas são necessárias para realizar a cirurgia DBS?

São necessárias duas etapas: o implante dos eletrodos no cérebro e o implante do neuroestimulador no tórax. Confira a seguir: 

1. Implante de eletrodos no cérebro

A primeira etapa da cirurgia DBS consiste na colocação de eletrodos – fios extremamente finos de material metálico – em áreas específicas do cérebro, como o tálamo, o núcleo subtalâmico ou o globo pálido. Esses eletrodos são posicionados para modular a atividade neuronal nas regiões que controlam os movimentos corporais.

https://photos.app.goo.gl/MrxdmfR3zH9qUfKS6

Cada eletrodo é conectado a um neuroestimulador, um pequeno dispositivo que atua como um “marca-passo” cerebral. O neuroestimulador é implantado na região torácica do paciente e contém uma bateria interna que alimenta o sistema. Quando ativado, ele emite pulsos elétricos que ajudam a regular os sinais cerebrais e a reduzir os sintomas da doença de Parkinson, como tremores, rigidez e lentidão de movimentos.

DBS para parkinson

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2. Neuroestimulador

Com o paciente sob sedação leve e anestesia local, pequenas incisões são feitas na região frontal do crânio para permitir a inserção dos eletrodos no cérebro. Trata-se de um processo delicado, uma vez que é preciso implantar os eletrodos em áreas exatas do cérebro para proporcionar os melhores resultados.

Saiba mais sobre o tratamento para Parkinson

Após o implante dos eletrodos,  colocamos o paciente sob anestesia geral para a fase final do procedimento. Uma pequena incisão é feita abaixo da clavícula para a implantação do neuroestimulador (gerador de pulsos). Este dispositivo é responsável por gerar os impulsos elétricos que controlam os sintomas da doença de Parkinson. 

Etapas da cirurgia DBS

Depois da cirurgia, a maioria dos pacientes passa a noite no hospital para observação e administração de antibióticos, mas raramente há necessidade de internação em UTI. A recuperação inicial é relativamente rápida, recebe-se alta no segundo ou terceiro dia e é possível retomar as atividades leves em poucos dias. 

5) Quais são os benefícios da cirurgia DBS? 

A cirurgia DBS oferece uma série de benefícios para os pacientes com Parkinson, principalmente aqueles que não conseguem mais controlar seus sintomas com medicamentos, como por exemplo:

  • Redução dos sintomas motores: Pacientes que realizam a DBS costumam observar uma redução nos tremores, na rigidez muscular e na lentidão dos movimentos. 
  • Melhora na rigidez, lentidão e tremor: a DBS atua diretamente nas regiões do cérebro responsáveis por esses sintomas e proporciona uma melhora notável na capacidade do paciente de realizar tarefas cotidianas, como caminhar, escrever e se alimentar.
  • Redução das medicações: em média, pacientes que se submetem à DBS podem reduzir em até 50% o uso de medicamentos, como a levodopa. Isso diminui os efeitos colaterais associados ao uso prolongado de medicações, como náuseas, discinesias (movimentos involuntários) e alucinações.
  • Redução dos períodos OFF: os períodos OFF, em que o paciente experimenta uma piora dos sintomas mesmo com o uso de medicamentos, são uma das maiores dificuldades para quem convive com Parkinson. A DBS ajuda a reduzir esses períodos de inatividade.
  • Redução das discinesias: após a cirurgia DBS para Doença de Parkinson, há redução dos movimentos involuntários provocados pelo uso prolongado de levodopa. Isso ocorre porque a estimulação cerebral profunda permite que o paciente use doses menores de medicação, diminuindo assim esses efeitos colaterais. Veja este vídeo para entender mais: https://www.youtube.com/watch?v=8FGd5IPxrp8&list=PLKqWY2GuI7oRj1vsXI5Sbbv6nZYPcWdw_&index=7
  • Melhora da qualidade de vida: a redução dos sintomas motores permite que os pacientes sejam mais independentes, pratiquem atividades físicas e participem de atividades sociais, o que aumenta o bem-estar geral.

benefícios da cirurgia DBS

6) A cirurgia DBS é o melhor tratamento para Parkinson?

Conforme explica Aquino (2024) et al. “Nas últimas três décadas, a estimulação cerebral profunda (ECP) se tornou um tratamento bem prescrito para a doença de Parkinson (DP) e outros transtornos do movimento.”. A cirurgia DBS é, portanto, reconhecida como um dos tratamentos mais eficazes para os sintomas motores da Doença de Parkinson. 

A questão se a DBS é ou não o “melhor” tratamento depende, porém, de diversos fatores. Deve haver, portanto, uma avaliação médica para cada paciente para determinar se a DBS é a melhor opção de tratamento para seu caso.

7) A cirurgia DBS cura a Doença de Parkinson? 

De acordo com Malek (2019), “a DBS não é oferecida aos pacientes como uma cura para esta doença nem se espera que interrompa a progressão do processo neurodegenerativo subjacente à DP”. Sendo assim, embora seja um tratamento cirúrgico bem recomendado para controlar os sintomas motores da Doença de Parkinson, não é possível considerá-la como uma cura ou solução definitiva.

8) Existem riscos na cirurgia DBS? 

Como qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia DBS para a doença de Parkinson envolve alguns riscos. Porém, com os avanços nas técnicas e tecnologias utilizadas, esses riscos foram reduzidos ao longo dos anos. Sendo assim, é fundamental que os pacientes e suas famílias estejam cientes de que complicações, embora raras, podem ocorrer.

Há, por exemplo, um risco de infecção (5%) após a implantação dos eletrodos ou do neuroestimulador. Este risco é relativamente pequeno, especialmente em hospitais de excelência que seguem protocolos rigorosos de prevenção de infecção. 

Além disso, outro risco, ainda menos comum do que a infecção, é o de sangramento cerebral. Estudos mostram que esse risco está em torno de 1%, e na maioria dos casos, o sangramento é pequeno e assintomático, sendo detectado apenas em exames de imagem pós-operatórios. 

É importante destacar que a realização da cirurgia por um neurocirurgião experiente é essencial para reduzir os riscos. A cirurgia, quando bem indicada e realizada, tem resultados positivos para a maioria dos pacientes.

9) Como é o pós-operatório da cirurgia DBS?

O período de recuperação após a cirurgia de DBS varia de paciente para paciente.  Na maioria dos casos, não é necessário internação em UTI, e o paciente recebe alta após 2 ou 3 dias no hospital para recuperação e ajuste medicamentoso. 

Após a cirurgia, o paciente pode sentir dores de cabeça leves, cansaço e desconforto nos locais das incisões. Esses sintomas, porém, costumam ser temporários e tendem a desaparecer dentro das primeiras 48 horas.

Sendo assim, nos primeiros dias após o procedimento, muitos pacientes já notam uma melhora nos sintomas motores, como tremores e rigidez. O ajuste do gerador de pulsos e a programação do dispositivo, porém, são feitos gradualmente nas semanas seguintes, a fim de garantir o máximo benefício com o mínimo de efeitos colaterais.

Além disso, durante o período de recuperação, é importante estar atento a sinais de infecção ou outras complicações. Caso o paciente apresente febre, secreções ou aumento do inchaço nas áreas das incisões, é recomendável procurar assistência médica imediatamente.

Em todos os casos, porém, o paciente deve continuar com acompanhamento médico regular para ajustar tanto a medicação quanto a estimulação elétrica.

10) Quando a estimulação elétrica é ativada?

Geralmente, ligamos a estimulação por volta da 4ª semana após o implante e leva-se cerca de 3 meses para atingirmos um bom controle dos sintomas com a estimulação. De início, começamos estimulando com níveis baixos de energia ao passo que vamos diminuindo (ou ajustando) as medicações.

11) Onde realizar a cirurgia DBS? 

A escolha de um profissional e uma clínica especializada para realizar a cirurgia DBS é fundamental para o sucesso do tratamento. 

O Dr. Neuton Magalhães, neurocirurgião renomado e especialista em estimulação cerebral profunda, realiza esse procedimento em João Pessoa (PB) e Recife (PE). Com vasta experiência na cirurgia DBS para Doença de Parkinson, o Dr. Neuton é reconhecido pela excelência nos cuidados com pacientes, garantindo um acompanhamento completo e personalizado, seja antes, durante ou após a cirurgia.

Conclusão

Por fim, pode-se concluir que a cirurgia DBS (Estimulação Cerebral Profunda) é uma das principais alternativas para o controle dos sintomas da Doença de Parkinson em pacientes que não obtêm os resultados desejados apenas com o tratamento medicamentoso. 

Sendo assim, ao oferecer uma melhora na qualidade de vida, seja a partir da redução de tremores, rigidez e/ou movimentos involuntários, o procedimento contribui para que muitos pacientes recuperem sua independência e rotina.

É fundamental, no entanto, que a decisão por essa cirurgia seja fruto de uma avaliação médica personalizada, considerando as particularidades de cada paciente. 

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