A dor na doença de Parkinson (DP) é uma complicação comum, mas muitas vezes subtratada e subnotificada, que pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Neste artigo, embarcaremos em uma jornada em busca de um entendimento mais profundo da dor na DP e exploraremos estratégias terapêuticas abrangentes para seu manejo. Através da lente de um médico especialista no assunto, professor e escritor, mergulharemos em cada aspecto relevante dessa complexa condição, desde sua classificação até opções terapêuticas mais avançadas.
Compreendendo a Dor na Doença de Parkinson
A dor na DP pode ser classificada em nociceptiva, neuropática e nociplástica, cada uma com suas características e mecanismos únicos. A compreensão desses diferentes tipos de dor é essencial para direcionar o tratamento adequado. A dor nociceptiva está associada a lesões teciduais, enquanto a dor neuropática resulta de disfunção do sistema nervoso. Já a dor nociplástica é uma condição crônica de dor que não está relacionada a danos teciduais diretos ou disfunção nervosa. Essa classificação nos permite personalizar abordagens terapêuticas para cada tipo de dor.
Prevalência e Desafios
A dor na DP é mais prevalente do que se pensava anteriormente e pode ser agravada por fatores como postura alterada, quedas, osteoporose e polineuropatia sensorial. Infelizmente, muitas vezes a dor na DP é subestimada e subnotificada, o que pode ser atribuído a vários fatores, incluindo sub-relato por parte dos pacientes e a priorização de outros sintomas motores ou cognitivos. É imperativo que os profissionais de saúde realizem uma avaliação minuciosa da dor na DP e estabeleçam uma comunicação eficaz com os pacientes para garantir um tratamento adequado.
Fatores Influenciadores da Dor na DP
Vários fatores influenciam a percepção e comunicação da dor na DP. Avaliar o humor, a cognição e outros sintomas não motores é fundamental para uma abordagem abrangente da dor. A presença de sintomas como depressão pode ter uma influência negativa na percepção e comunicação da dor. Além disso, sintomas não motores como distúrbios do sono e sintomas cardiovasculares também podem estar correlacionados com a dor na DP. Uma avaliação holística desses fatores é essencial para um tratamento eficaz.
Tratamento Multimodal da Dor na DP
A otimização do regime de medicamentos antiparkinsonianos é a primeira abordagem terapêutica recomendada para o tratamento da dor na DP. No entanto, quando a dor persiste mesmo após essa otimização, outras opções terapêuticas devem ser consideradas. Medicamentos não dopaminérgicos, como botulinum toxin, duloxetina, opiáceos e canabinoides, podem ser prescritos com cautela e monitoramento adequado dos efeitos colaterais. Fisioterapia e outras intervenções não farmacológicas também desempenham um papel importante no manejo da dor e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Além disso, a neuromodulação (Cirurgia DBS) e a infusão intestinal de levodopa (opção não disponível no Brasil) podem ser opções em casos refratários de dor na DP.
Procedimentos cirúrgicos na coluna vertebral só devem ser tentados quando a otimização das medicações estiver adequada.
Conclusão
A dor na DP é uma realidade enfrentada por muitos pacientes, mas com a abordagem correta e uma compreensão aprofundada dos diferentes tipos de dor e fatores influenciadores, podemos avançar em direção ao alívio. É essencial que os médicos e profissionais de saúde adotem uma abordagem multidisciplinar para o manejo da dor na DP, considerando não apenas os aspectos motores, mas também os aspectos emocionais, cognitivos e outros sintomas não motores. Através de uma combinação de tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, podemos oferecer aos pacientes uma melhor qualidade de vida e esperança em sua jornada com a DP.
Como médico especialista, é muito importante compartilhar essas informações e ajudar a promover um maior entendimento e conscientização sobre a dor na DP. Espero que este artigo inspire outros profissionais de saúde a abordar a dor na DP de maneira mais abrangente e oferecer aos pacientes o cuidado que eles merecem. Juntos, podemos fazer a diferença na vida daqueles que lutam com essa condição complexa.
Dr. Nêuton Magalhães é um respeitado médico e professor, cujo percurso começou na Universidade Federal da Paraíba, onde concluiu a graduação. Depois fez residência em Neurocirurgia no Hospital da Restauração (Recife) entre 2005-2009. Ademais, o médico se distingue por sua especialização e doutorado em Dor, títulos conquistado na prestigiosa Universidade São Paulo (USP) entre 2010 e 2014. Com o propósito de ajudar seus pacientes, o Dr. Nêuton ampliou sua experiência clínica. Há mais de 19 anos, aplica técnicas minimamente invasivas para o tratamento de dores na coluna vertebral. Além disso, no campo acadêmico o Dr. Nêuton destaca-se como professor de Neurologia no Unipê e é membro titular de organizações renomadas como a SBED, Sociedade Brasileira de Estereotaxia e Neurocirurgia Funcional, e a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.